sexta-feira, 11 de março de 2011

Copa 2014: rendas de jogos em quatro cidades-sedes é abaixo da crítica

Copa 2014: rendas de jogos em quatro cidades-sedes é abaixo da crítica

Por Walter Guimarães

A repercussão do artigo que escrevi sobre a falta de público em algumas das cidades sede da Copa de 2014 deixa clara a diversidade dos pensamentos dos leitores do Blog do Cruz.

Por isso, avancei nas pesquisas e mais um resultado divulgo agora, na tentativa de enriquecer o debate sobre a decisão governamental ao selecionar as 12 sedes para o Mundial que se aproxima.

Além da média de público, publicado na mensagem anterior, a análise das rendas das partidas é importante para mostrar a movimentação da economia do futebol nas cidades de Cuiabá, Brasília, Manaus e Natal – sem tradição de grandes campeonatos –, bem como nas de Goiânia, Belém e Florianópolis, que batizei como “estádios fora da Copa”, apesar de terem competições bem mais atrativas que as quatro sedes acima.

Rendas líquidas

Os números a seguir apresentados são as somas das rendas líquidas, ou seja, descontados os impostos e despesas com arbitragem e quadro das federações.

Soma das Rendas Líquidas nos Estaduais de 2011:

Cuiabá: R$ 2.754,26 // 4 jogos // média: R$ 668,57

Brasília: R$ 110.282,74 // 40 jogos // média: R$ 2.757,07

Manaus: R$ 21.948,50 // 7 jogos // média: R$ 3.135,50

Natal: R$ 216.004,47 // 9 jogos // média: R$ 24.000, 50

Os “fora da Copa”:

Goiânia: R$ 647.219,92 // 15 jogos // média: R$ 43.147,99

Belém: R$ 542.759,74 // 11 jogos // média: R$ 49.341,79

Florianópolis: R$ 839.508,97 // 11 jogos // média: R$ 76.319,00

Diante desses números, faço duas observações para melhore se entender a realidade desta análise:

1. A Federação Matogrossense não disponibilizou todos os borderôs dos jogos. Até a 5ª rodada foram disputados 7 partidas em Cuiabá, mas apenas 4 delas estão na análise.

2. A situação da Federação Amazonense é mais caótica. Até o momento nenhum boletim financeiro dos jogos foi publicado no site, contrariando o Estatuto do Torcedor. Diversos emails foram enviados sobre a irregularidade, mas não houve qualquer manifestação. Para a análise foram somadas as rendas brutas e retirados 30% do total, valor mínimo de desconto apresentados nos borderôs dos outros estados.

Finalmente:

Voltarei a este assunto para apresentar os números de público e renda das cidades em análise, nas competições da Copa do Brasil.

Walter Guimarães é jornalista e pesquisador de assuntos sobre futebol


Copa em cidades com futebol fantasma

Copa em cidades com futebol fantasma

Quatro cidades-sedes para Mundial de 2014 têm público irrisório em seus estádios, em detrimento de capitais com tradição e torcidas numerosas

Walter Guimarães

Relatórios de entidades públicas e privadas mostram atrasos nas obras, como o revelou o Sindicato de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco). O Tribunal de Contas da União também já destacou deficiências em diversos pontos, inclusive na falta de projetos básicos de obras em andamento. Para a Copa, o tempo já urgiu.

Mas sobre o atual quadro do futebol de cada sede, não há grandes preocupações. E aí vêm os “elefantes brancos”, termo proibido para os governantes dos 12 estados e cidades sedes. Para ele, é melhor dizer “arena multiuso”, em relação aos gigantes de concreto que nascem.

Cultura futebolística

Para ajudar a entender a cultura futebolística, analisei o público e o histórico de cada sede nas competições estaduais e nacionais. Quatro delas continuam sendo questionadas: Cuiabá, Manaus, Brasília e Natal.

Os números são do banco de dados da CBF e se referem aos torcedores que foram aos estádios e quantos jogos foram disputados nos Campeonatos Basileiros das Séries A, B, C e D, esta última criada em 2009.

Os números assustam, comparados com outras cidades, historicamente conhecidas pela força de suas torcidas:

Nº de torcedores em jogos da Séries A, B, C e D (2006-2010)

- Mato Grosso: 84.816 torcedores // 62 jogos // média: 1.368

- Amazonas: 215.735 torcedores // 68 jogos // média: 3.173

- Distrito Federal: 443.148 torcedores // 188 jogos // média: 2.357

- R.Grande do Norte: 1.105.306 torcedores // 183 jogos // média: 6.040

Os “fora da copa

- Pará: 1.004.215 torcedores // 152 jogos // média: 6.607

- Santa Catarina: 2.023.538 torcedores // 307 jogos // média: 6.591

- Goiás: 2.243.180 torcedores // 313 jogos // média: 7.167

Percebe-se que apenas o Rio Grande do Norte está mais próximo de Pará, Santa Catarina e Goiás, ignorados na escolha das cidades-sedes.

Outro questionamento é quando a soma de todos os torcedores dos últimos cinco anos no Amazonas, Mato Grosso e Distrito Federal chega a 744 mil pessoas, enquanto apenas no Pará mais de 1 milhão de torcedores compareceram aos estádio. Se é necessária uma sede amazônica para o desenvolvimento do turismo, Manaus não demonstra, no futebol, ter sido a melhor escolha.

Que motivos deixaram de fora Goiás e Santa Catarina, quando mais de 2 milhões de pessoas foram aos seus estádios desde 2006, enquanto Cuiabá, que levou escassos 85 mil pessoas no mesmo período é escolhida.

E o que dizer sobre as médias de público dos campeonatos estaduais desse ano? Continuam com médias superiores as cidades deixadas fora de 2014, ainda com a exceção de Natal.

Média de público (Estaduais - 2011 / atualizado em 4 de março)

Manaus: 626

Cuiabá: 994

Brasília: 1.208

Natal: 3.089

Os “fora da Copa”

Goiânia: 4.139

Belém: 7.334

Florianópolis: 7.514

Reforço das cortesias

No atual campeonato Candango, 44% dos ingressos foram doados aos torcedores, na tentativa de turbinar o jogo. Em vão. Assim, se forem contados apenas os ingressos pagos, a média de público cairia de 1.208 para 674 torcedores. Mas aqui se constroi estádio para 70 mil pessoas...

Fica evidente que o critério para a escolha das sedes não foi o da tradição futebolíticas, com repercussão no econômico. Mas o do interesse político regional de ocasião.

Fontes de Pesquisa: Sites da CBF e Federações Estaduais, jornal A Crítica, de Manaus

quarta-feira, 9 de março de 2011

Seminário


Dia 12 de março, às 14:00 horas, participe do Seminário:

Copa 2014:

O Direito à Cidade e o Impacto dos Megaeventos nas comunidades do DF

Mesa de Abertura:

José Cruz - jornalista esportivo, que mantém blog no UOL

Carlos Vainer - Professor de Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Rural da UFRJ

Gilda Carvalho - Procuradora dos Direitos do Cidadão

Tânia Battella - Arquiteta

Representante do MST (moderador)

Local: Museu Nacional Honestino Guimarães

Convite e cartaz em anexo!!
Divulgue!! Participe!!
Temas a serem debatidos:
Infraestrutura, Mobilidade Urbana, Segurança, Direitos Humanos, Recursos Orçamentários
Organização: Comitê Popular da Copa no DF